LEITORA WAYLLA SABRINA ACIONA O BLOG E FAZ DESABAFO DO DIA DE TERROR QUE PASSOU NA UPA EM SANTARÉM NA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA (30)

UPA 24 horas em Santarém

Oi JK, me chamo Waylla Sabrina, tenho 17 anos. Eu venho aqui através dessa mensagem desabafar! Nessa sexta-feira dia 30 de setembro dei entrada na UPA (unidade de pronto atendimento) as 08:30am com uma crise de insuficiência respiratória (gravíssima) logo após um susto. Eu vou te relatar agora um pouco do que eu vi e ouvi durante as 7 horas que passei ali dentro.

Não vou julgar os médicos e enfermeiros do plantão (com certeza eles fazem o que podem e como podem, porque não da pra continuar com o bom humor e com a educação naquela situação). Como era caso de extrema urgência fui rapidamente atendida e na hora de entrar, fui barrada com a seguinte frase "não pode entrar, não tem médico" eu não estava conseguindo respirar e com dores no peito mas simplesmente não tinha médico. Quando um dos enfermeiros fez valer sua vontade e disse que eu teria que entrar urgente, ai eu até por uns segundos pensei que enfim iria ficar tudo bem, só que ai veio outro pesadelo, a minha prima não pudia entrar pra me acompanhar mas eu pudia ficar sozinha lá dentro gritando desesperadamente pelo nome dela, eu entendo que tudo tem suas regras para se fazer um lugar ideal de convivência, mas desde quando lá é um lugar ideal pra alguém? 

Quando eu enfim entrei na sala de leitos, me colocaram em um que ficava de lado pra parede, ainda bem, quando eu já estava respirando melhor depois de me automedicar com minha bombinha aerosol veio uma menina linda que eu nunca tinha visto na vida e disse "eu vi como você chegou, mas não deixaram ela entrar, a gente brigou lá na frente e eu disse que se não me deixassem te acompanhar eu ia ligar pra alguma autoridade, minha irmã ta aqui desde ontem e nem meus pais podem entrar aqui pra vê-la e ninguém da notícia de como ela está, até onde a gente sabe ela estava na sala de reanimação, mas vamos falar de você, você vai ficar bem"

Veio uma médica, me aplicou uns remédios pra dores e calmante, até que chegou minha vó e disse que eu iria dormir um pouco.

Mas quando eu olhava pro outro lado que não era a parede todas as macas estavam ocupadas e tinha muitas vozes ao mesmo tempo.

"Não tem médico senhora" "não vai ter essa medição aqui" "ai meu Deus por favor me acode" "vou ter que te mandar pra casa" "mas eu não consigo andar dr." "nosso aparelho de raio-x não ta funcionando" "não tem ninguém pra dar banho nela, vai ter que esperar" "a gente não tem o que fazer senhora" "pobre não tem direito de ficar doente" "leva pra sala de reanimação" gente, nessas horas você toma a dor do outro, eu queria não ter passado mal pra dar espaço pra outra pessoa, você sente raiva de vê o descaso, você sente angústia de vê a realidade (que muita gente vive fora dela), você sente medo de estar no lugar deles. Você se pergunta, CADÊ OS GOVERNANTES DESSA CIDADE? Pra onde vai todo o dinheiro que a gente paga de impostos? Onde se faz cumprir as promessas de uma saúde de qualidade que os políticos tanto falam?

Você sai de lá pior do que entra, a tua mente não fica mais em paz, a precariedade daquele lugar assusta, não tem remédios, surpreendentemente NÃO TEM MÉDICO, não tem estrutura. O que tem é gente sendo atendido na cadeira e até mesmo no chão, é gente chorando, é gente sem informação nenhuma dos amigos e parentes que entram lá.

Eu relato isso aqui porque não sei o que fazer por enquanto, peço ajuda pra compartilharem até chegar em alguma autoridade e principalmente pro nosso novo prefeito e tem uma chance de realmente fazer a diferença com relação a saúde pública. 

Eu peço, Imploro e cobro, um olhar com mais atenção para o que eu escrevi aqui. 

Leitora Sabrina - Via Whatsapp para o BLOG DO JK