sexta-feira, 11 de agosto de 2017

AGORA O NAVIO ABARÉ É DA UFOPA. ONG HOLANDESA ASSINOU NA MANHÃ DE ONTEM TERMO DEFINITIVO DE DOAÇÃO A UNIVERSIDADE

Reitora Raimundinha com o 
vice-prefeito José Maria Tapajós

Em cerimônia realizada no dia 10 de agosto, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) recebeu da ONG holandesa Terre de Hommes (TDH), de forma definitiva, a posse do Abaré I. A assinatura do termo marca o início da gestão do barco-hospital pela Universidade. A questão do repasse da embarcação à Ufopa vem-se desdobrando desde que a ONG anunciou que encerraria suas atividades no Brasil, em 2014. À época, a TDH anunciou sua intenção de encerrar as atividades no Brasil e levar o barco para outro país, movimento freado pela justiça brasileira, que, através de uma liminar, impediu a retirada do Abaré de Santarém. Por iniciativa do Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado do Pará (MPE-PA), foi proposta, então, a doação do barco à Ufopa.

Para concretizar a doação, Universidade e ONG elaboraram um termo de acordo mediado pelo MPF e MPE-PA e homologado pela Justiça Federal no final de 2015. O documento prevê, dentre outras condições, que o programa de atendimento à saúde da população ribeirinha seja mantido. Cadastrado no Ministério da Saúde como uma Unidade de Saúde de Família Fluvial (USFF), o Abaré foi a primeira embarcação no Brasil a desenvolver esse modelo de assistência.

Percorrendo longas distâncias, o barco-hospital chega a locais praticamente excluídos da rede pública, permitindo que comunitários de áreas rurais dos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro tenham acesso regular aos serviços básicos de saúde, com visitas a cada 40 dias. "O Abaré foi pioneiro, por isso ele é tão emblemático. Ele serviu de inspiração para que o Ministério implantasse uma política pública de assistência à saúde das famílias ribeirinhas nas regiões Norte e Centro-Oeste. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 60 embarcações realizando esse tipo de serviço", explica o diretor do Instituto de Saúde Coletiva (Isco) da Ufopa, Waldiney Pires.

Através de repasses de verba do Ministério da Saúde, a Prefeitura Municipal de Santarém é a responsável pela gestão do programa, que atende a cerca de 15 mil ribeirinhos de 72 comunidades das áreas rurais dos três municípios. Os recursos federais têm a finalidade de custear as equipes médicas (formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e odontólogos), alimentação e combustível para as viagens. "Obviamente, a Universidade não restringirá o uso do barco às atividades de ensino, pesquisa e extensão. Temos um compromisso social de manter o uso do Abaré como unidade de saúde fluvial", garante Pires. A Ufopa manterá o barco à disposição das prefeituras municipais durante o período do calendário anual destinado às viagens para assistência à saúde.

Em maio de 2017, TDH e Ufopa assinaram o contrato que garantiu a transferência para a Universidade da tecnologia social em assistência de saúde às populações ribeirinhas. "Servidores da Ufopa e da Prefeitura de Santarém participaram de oficinas de capacitação em que foi repassada toda a expertise desenvolvida pela TDH nessa área", explica o diretor do Isco. Como contrapartida, a ONG recebeu da Universidade uma verba de R$ 1.172.000,00 – recurso captado junto ao Governo Federal, descentralizado pelo Ministério da Saúde.

Além de unidade de saúde fluvial, o Abaré terá seu uso ampliado, passando, a partir de agora, a ser usado como barco-escola, destinando-se às atividades de ensino, pesquisa e extensão. "Para nós, da Universidade, será uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento de trabalhos de extensão universitária. Por meio do Abaré poderemos chegar a todas as comunidades ribeirinhas da região, não só com a atenção básica à saúde dessa população, mas também com projetos de extensão em todas as áreas de conhecimento desenvolvidas em nossa Universidade", destaca a reitora da Ufopa, Profa. Dra. Raimunda Monteiro.

Após a doação definitiva do Abaré para a Universidade, a embarcação seguirá para um estaleiro de Santarém, onde ficará abrigada para manutenção e pequenos reparos. A intenção é que as viagens de assistência à saúde das famílias ribeirinhas sejam retomadas no início de 2018, quando o volume do rio voltará a permitir a navegabilidade do barco. Nesse meio tempo, a Ufopa deve providenciar a licitação da empresa que fará a gestão náutica do Abaré, provendo inclusive a tripulação que trabalhará no barco. "A Ufopa não dispõe em seu quadro de profissionais como piloto, marinheiros de convés e de máquinas. Então nosso próximo passo é realizar a licitação para terceirizar a gestão náutica e garantir a contratação dos tripulantes exigidos pela Capitania dos Portos, assim como a manutenção da embarcação", informa Waldiney Pires.

A Ufopa deverá ainda coordenar a implantação de um comitê gestor, que será responsável pelas tomadas de decisão envolvendo o Abaré. "O conselho deve ser composto por representantes da Universidade; das prefeituras de Belterra, Aveiro e Santarém; do Ministério Público do Estado do Pará e Ministério Público Federal; da Secretaria Estadual de Saúde; de organizações sociais e instituições públicas que, a partir de agora, conduzirão a política de uso da embarcação", conclui a reitora da Ufopa.

Renata Dantas – Comunicação/Ufopa

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